quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Deixando a Saara te levar

De deserto a Saara só tem o calor. No centro do Rio de Janeiro, próximo à Candelária, com parte voltada para a Avenida Presidente Vargas, os stands, as lojas e as barracas se distribuem pelas ruas cheias de pessoas afoitas pelo consumo barato de vários tipos de artefatos, desde os religiosos até os eróticos. Aquilo lá explode ao meio-dia.

O som das caixinhas da Rádio Saara penduradas junto com as bandeirinhas sobre as nossas cabeças competem com os gritos das promoções e com as músicas de variado repertório. O funk do stand de CDs piratas se mistura com o quero te servir, aleluia da loja gospel, que por sua vez, aumenta o som para ser ouvida até a barraca de hits dos anos 80. Quem quiser continuar ouvindo Madonna não dê mais dois passos à frente, a menos que queira escutar ado, a-ado, cada um no seu quadrado. E poucos respeitam as arestas.

Tá bonito, tá bonito, tá beleza. Todos querem chamar atenção, todos querem seu olhar, mas antes seu ouvido. As cores já perderam espaço para tanto barulho. Até porque elas gritam demais aos olhos, como oásis a alguém saciado.

Então, sem essa de definir Saara como feira popular do Rio de Janeiro. A Saara é um verdadeiro bloco de carnaval. Mesmo no frio dos outonos e invernos a feira tem cara de rio 40 graus. E quem vai para lá não vai só para ver a banda passar. Vai para curtir o pancadão de ofertas. Os trabalhadores comerciantes aproveitam para cair na gandaia e não fogem da raia. Tentam te convencer a levar o mata-mosquito por dez reais, enquanto ali na frente tem o moço legal que faz um descontinho, e você acaba levando por oito.

Enquanto isso, a mocinha de cabelos da hora com seu Ipod passa pelo sessentão boa-praça sentado com seu radinho à pilha sintonizado no AM. Dali a frente passa o rapaz de blusa estampada com a foto de um cantor de hip hop. Logo atrás vem a senhora que procura o novo CD do Padre Marcelo Rossi por um precinho camarada. E as crianças pedem à mãe o DVD do grupo mexicano RBD. E ainda tem os turistas que vão apreciar todo esse exotismo-de-estampa-colorida da feira com cara de festa, festa à popular brasileira.

3 comentários:

Maurício Meireles disse...

Como diria Dercy, ficou foda.

Maurício Meireles disse...

Ou, como Regina Duarte: se eu fosse vcs, colocava uma propaganda de vagisil aí, minha gente.

Luísa disse...

senti uma pitada do estilo da Bia aí no texto. Mas claro, muito mais Monike Mar. No texto ou no microfone, um arraso! uhiuhui